Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)
O labrador Logan, 2 anos, é um dos cães usados na terapia para amenizar o sofrimento da internação
Saúde e cães. Sozinhas, cada uma dessas palavras têm um significado diferente, mas, juntas, elas podem ajudar a mudar a vida de muitas pessoas. A cinoterapia - terapia com cães - está colaborando com a saúde de pacientes que estão internados na ala psiquiátrica do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Pela primeira vez, o complexo recebe o projeto proposto pelo 4º Batalhão de Bombeiro Militar de Santa Maria.
Os animais fazem parte do canil do Corpo de Bombeiros e participam nos trabalhos de resgate e busca de pessoas na região central e noroeste do Estado. Desde o final do ano passado, os três labradores - Guapo, 2 anos, Kira, 3 anos e Logan, 4 anos - estão visitando e levando carinho a quem está fragilizado. Conforme o major José Carlos Sallet, comandante da 1ª Companhia de Bombeiro Militar, várias corporações de bombeiros do Brasil utilizam a cinoterapia como auxílio nos hospitais.
- A gente também sentiu essa necessidade no Hospital Universitário de Santa Maria e propusemos para a direção. Os cães interagem, os pacientes passam a mão, fazem carinho, conversam com o animal e, com isso, é possível amenizar o dia a dia do tratamento de quem está internado. É uma fase mais alegre do dia, atiram a bolinha, dão água para os animais, biscoitinho, isso faz eles se sentirem amado pelo animal - explica Sallet.
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As visitas começaram no mês de dezembro e ocorrem de 15 em 15 dias. Ontem, foi a terceira vez que os animais estiveram na companhia dos pacientes. A interação ocorre no horário de recreação e dura em torno de uma hora. Antes de vestirem o jaleco e começar a brincadeira, os cães passam por uma higienização no pet shop, são colocados em uma caixa especial e em uma viatura que também passa por uma limpeza. Além disso, todos precisam estar com a vacinação em dia.
BENEFÍCIOS
O convívio com cães também traz benefícios emocionais e afetivos. O amor incondicional, a atenção, a espontaneidade das emoções, a redução da solidão, a diminuição da ansiedade, o relaxamento, a alegria e a troca de afeto são alguns dos resultados positivos que foram percebidos logo na primeira visita. O chefe da Unidade de Atenção Psicossocial do Husm, Luciano Bertasi, conta que a presença dos cães ajuda no tratamento dos pacientes e são importantes para a saúde.
- Esse é um projeto que agrega muito à atividade que a unidade se propõe a fazer para a recuperação dos usuários que estão internados aqui. A gente percebe a satisfação deles, e isso aproxima ainda mais os internos da vivência cotidiana, do estar em casa, do contato com os animais. É muito gratificante perceber a recuperação deles. Só veio a acrescentar _ conta Luciano, que também é enfermeiro.
Dos 30 pacientes que estão internados na ala psiquiátrica, 20 participaram da atividade ontem. O grupo deu carinho, passeou com os cães, entregou biscoitos e sentiu-se amado. Uma das pacientes contou que, com a visita, ela pode amenizar a saudade de casa.
- Eu achei interessante. Como estou internada há bastante tempo e sinto falta dos meus animais em casa, eu pude matar a saudade deles e da família. Gostei muito de passear com eles, jogar a bolinha. Me sinto mais feliz, e a ansiedade amenizou - declara a paciente que não pode ser identificada.
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Além de ser gratificante, para quem faz parte do projeto, levar os cães que são companheiros de trabalho e da convivência diária em casa, é uma lição de vida. O soldado Vagner Charão Lago, 36 anos, cuida e faz o adestramento do Logan desde quando ele ainda era um filhote. O amor, carinho e amizade entre eles são demostrados nos gestos e, mais que isso, foi tatuado na pele.
- É uma amizade que não tem como descrever. Fiz a tatuagem em sinal da nossa cumplicidade. Trazer o nosso cão, que também é um instrumento de trabalho, faz a gente sair da rotina e diminuir o estresse do dia a dia, mas o mais emocionante é poder perceber que as pessoas conseguem suprir as necessidades - disse o soldado emocionado.